Boulos e PT querem Marta Suplicy para vice-prefeita nas eleições municipais

Nesta semana, após uma reunião com Lula, Marta Suplicy decidiu deixar o cargo de Secretária do governo de Ricardo Nunes (MDB) e sinalizou a possibilidade de se filiar novamente ao PT. O objetivo dessa movimentação de Marta seria que o PT a indicasse para o posto de candidata à Vice-Prefeita em uma chapa com Guilherme Boulos (PSOL), nas eleições desse ano.

Em agosto de 2023, em uma entrevista, Boulos já havia assinalado que seu objetivo era “Uma Frente Ampla igual à de Lula”. https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2023/08/09/vamos-reeditar-frente-ampla-de-lula-diz-boulos-sobre-pre-candidatura-a-prefeitura-de-sp.ghtml

Esse objetivo, ao que parece, está perto de ser atingido.
O que chama atenção é que até dia 09 de janeiro desse ano, Marta foi Secretária de Ricardo Nunes, principal oponente de Boulos na disputa municipal. Enquanto o atual prefeito encabeçou uma série de ataques aos serviços públicos da cidade, retirando direitos históricos dos trabalhaladores do município, Marta permaneceu em seu governo. Agora, ao vislumbrar uma vantagem eleitoral, a ex-prefeita novamente “muda de lado”, e ao que tudo indica será vice de Guilherme Boulos na disputa para a prefeitura da maior cidade do país.

Da Taxa do Lixo à Reforma Trabalhista: os ataques aos trabalhadores que tiveram as mãos de Marta Suplicy

A história de Marta encaixa bem com o que o PT e o PSOL querem atualmente para buscar a confiança da burguesia paulistana.
Marta, quando prefeita (2001-2004), desferiu diversos ataques aos servidores públicos municipais. Entre eles, a Reforma Administrativa de 2002, que diminuiu os salários de servidores a partir de uma portaria promulgada pelo governo FHC (PSDB). Além disso, no mesmo ano, aumentou em 41% os salários de todo o primeiro escalão do governo, enquanto deu 7% de reajuste para o restante dos servidores. Durante sua gestão, Marta ainda impôs a taxa do lixo e da iluminação pública, que impactaram negativamente sobretudo nas famílias da classe trabalhadora.

Depois de prefeita, sua trajetória envolveu algumas derrotas eleitorais, como sua eleição para a prefeitura em 2004 e também cargos de Ministra durante os governos de Lula e Dilma. Em 2010, se elege Senadora pelo PT. Em 2015, Marta se desfilia do PT, partido no qual estava filiada desde 1981, para apoiar e ingressar na campanha pelo impeachment de Dilma. Logo depois, se filia ao MDB. Em 2016, já no governo Temer, Marta vota a favor da Reforma Trabalhista e da PEC do Teto de Gastos. Em 2018 sai do MDB. Nas eleições de 2020, apoia Bruno Covas (PSDB) para a prefeitura. Para agradecer o apoio de Marta, Covas a nomeia para Secretaria de Assuntos Internacionais e Federativos da prefeitura. Após a morte de Covas, Ricardo Nunes mantém Marta na pasta, até o dia 09 de janeiro de 2024.

O PSOL aderiu à política que criticou por muitos anos

O PSOL, partido nascido da expulsão de correntes e parlamentares que se insurgiram contra a adesão do PT ao jogo do “toma-lá-dá-cá” da política burguesa tradicional, hoje vai pelo mesmo caminho que tanto criticou. Esse método de fazer política obviamente se combina com a estratégia da atual direção do PSOL de governos em comum com a burguesia. Nós, que estivemos nesse partido até ano passado, alertávamos em nossa carta de ruptura: “Antes o PSOL rejeitava os governos de conciliação com a classe dominante, hoje ele os integra e os apoia. (…) Não fundamos o PSOL para estimular a conciliação com os patrões, mas para combatê-la. Justamente por isso, hoje rompemos com o PSOL.” https://www.cstuit.com/home/2023/06/05/por-que-a-cst-rompe-com-o-psol/#:~:text=Antes%20o%20PSOL%20rejeitava%20os,hoje%20rompemos%20com%20o%20PSOL. Hoje, com a direção do PSOL buscando governar junto com Marta Suplicy a maior cidade do país, as palavras que colocamos se confirmam.

Por uma Frente de Esquerda independente da burguesia de São Paulo

As forças que se mantêm fora da Frente Ampla, que não querem uma governar São Paulo ao lado de setores da setores da burguesia, podem apresentar uma proposta unitária através de uma frente eleitoral.

Nós, da CST, somos uma organização socialista e revolucionária independente e defendemos a independência política da classe trabalhadora.Por isso, apresentamos uma proposta alternativa: construir uma frente eleitoral da esquerda independente do governo Lula/Alckmin e de seus governadores, sem qualquer partido patronal. Uma frente eleitoral para combater também os governadores e prefeitos da direita e da extrema direita bolsonarista.

Uma frente independente para combater o Arcabouço Fiscal, o plano de desestatização do sistema ferroviário federal, as privatizações, o arrocho salarial e lutar pela reversão do corte de verbas, a revogação das medidas do bolsonarismo (reforma da previdência, trabalhista, privatização da Eletrobras e NEM); para exigir a taxação dos bilionários e multinacionais e o não pagamento da dívida para disponibilizar orçamento para reajuste salarial, pagamento do piso nacional da educação, bolsas universitárias, plano de obras públicas (hospitais, escolas, etc.) para geração de emprego, para emergência climática, políticas contra violência de gênero, aborto legal, seguro e gratuito, o desmantelamento do aparelho repressivo e das chacinas policiais, a estatização dos sistemas de transporte municipais e a implementação da tarifa zero, além da reestatização das empresas privatizadas em cada município, dentre outras propostas.

Nesse sentido, propomos uma reunião da UP, PCB, PCB-RR, PSTU, MRT para pautar essa possibilidade. Uma reunião à qual poderiam se somar outras organizações das esquerdas comunistas e socialistas ou lideranças independentes, como os professores/as Plínio de Arruda Sampaio Jr. e Dirlene Marques, o dirigente do SINTUSP Magno de Carvalho, o companheiro Silvio Sinedino dos petroleiros socialistas, etc. Além de organizações que estejam fora do PSOL e da frente ampla, como o SOB, Esquerda Marxista, RB, MRS, Iniciativa Socialista, Emancipação Socialista e outras que desejem discutir essa proposta.
Apesar de nossas diferenças de programa, internacionais ou de estratégia, podemos apresentar uma opção comum com uma frente eleitoral, resguardando a independência de cada um dos partidos e organizações.

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