Gaza: repudiamos o ataque ao comboio humanitário! Um novo crime sionista!

Por Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional

O exército sionista cometeu um novo crime em Gaza. Mais um na longa lista de atrocidades cometidas nos últimos seis meses contra o povo palestino.

Na terça-feira passada, um comboio de três veículos da ONG humanitária World Central Kitchen (WCK), com sede nos Estados Unidos, foi bombardeado, provocando a morte de sete voluntários que levavam alimentos à população palestina, no norte de Gaza. Seis deles eram funcionários da organização – cidadãos da Austrália, da Polônia, do Reino Unido e um com dupla cidadania dos EUA e do Canadá – e o sétimo era um motorista palestino.

A World Central Kitchen é uma organização humanitária não governamental, dirigida pelo famoso chef espanhol José Andrés, que distribui alimentos em zonas de conflito.

Diante da morte dos trabalhadores humanitários, José Andrés, fundador da organização, disse que: “O Governo israelense deve pôr fim a essa matança indiscriminada. É preciso parar de restringir a ajuda humanitária, parar de matar civis e trabalhadores humanitários e parar de usar os alimentos como arma”.

Israel lançou três mísseis contra os veículos que compunham o comboio da ONG. O ataque ocorreu na cidade de Deir al Balah, no centro de Gaza, depois de o comboio ter entregue os alimentos no norte de Gaza. O ataque aconteceu contra veículos claramente identificados com o logotipo da organização humanitária, e após o exército sionista ser previamente informado do destino e do percurso que o comboio seguiria.

A ajuda entregue pelos voluntários veio de navios do Chipre, que chegaram a Gaza no sábado passado com centenas de toneladas de mantimentos usados para preparar mais de 1 milhão de refeições. Além disso, foi a segunda entrega de refeições realizada pela World Central Kitchen em Gaza. Assim, o governo sionista de Netanyahu estava ciente da operação.

Num primeiro momento, foi dito que se tratava de um único ataque a um veículo, mas o jornal israelense Haaretz revelou que na realidade houve três ataques contra o mesmo número de carros da ONG, que ocorreram sucessivamente ao longo de 2 quilômetros. O jornal detalha que um primeiro míssil atingiu o carro que liderava o comboio. Os sobreviventes do primeiro ataque refugiaram-se no veículo seguinte, que também foi atingido por outro míssil segundos depois. O terceiro veículo aproximou-se para ajudá-los e foi atingido por um terceiro míssil.

A descrição do jornal israelense mostra que se tratou de um ataque deliberado e que o exército estava plenamente consciente da operação que estava realizando.

O repúdio global a essa nova atrocidade do sionismo não demorou a acontecer. A rigor, foi mais um episódio do genocídio que Israel tem levado a cabo desde o ano passado contra o povo palestino e contra aqueles tentam prestar ajuda humanitária. Não foi um acontecimento isolado, pois, desde que os bombardeios e a invasão de Gaza pelo exército sionista começaram, 200 trabalhadores humanitários foram assassinados.

Francesca Albanese, relatora especial da ONU para a Palestina, disse que o ataque de Israel foi deliberado e intencional. A autoridade, que chegou a ser ameaçada por Israel, disse em sua conta do X: “Sabendo como Israel opera, minha avaliação é que as forças israelenses mataram intencionalmente os trabalhadores da WCK, para interromper as doações e fazer com que os civis em Gaza continuem a morrer de fome silenciosamente”. E acrescentou que Israel “sabe que os países ocidentais e a maioria dos países árabes não levantarão um dedo pelos palestinos”.

As provas são tão fortes que o governo sionista e genocida de Israel teve que reconhecer publicamente a sua responsabilidade pelo ataque. Enquanto isso, o exército afirmou hipocritamente que realizará uma investigação e que “farão todo o possível para que isso não volte a acontecer”. Por outro lado, Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro do governo genocida israelense, disse cinicamente: são “coisas que acontecem numa guerra”.

Ao mesmo tempo, o chefe do imperialismo norte-americano, Joe Biden, num acesso de hipocrisia e cinismo, disse sentir-se “indignado e com o coração partido” pela morte dos sete trabalhadores humanitários. Ele derrama lágrimas de crocodilo enquanto o seu governo arma Israel para continuar o genocídio em Gaza e na Cisjordânia ocupada. No mesmo dia do ataque, o seu governo anunciou que consideraria enviar um novo pacote de ajuda militar de 18 bilhões de dólares a Israel, incluindo aviões F-15. Isso se soma à recente aprovação pelos Estados Unidos do envio para Israel de 1.800 bombas MK-84, pesando cerca de 900 quilos, 500 bombas MK-82, pesando cerca de 225 quilos, e 25 caças F-35.

O governo ultraconservador e genocida de Netanyahu bombardeia indiscriminadamente casas de civis e mata jornalistas, trabalhadores humanitários e médicos. O ataque ao comboio humanitário ocorreu poucas horas depois do cerco ao hospital Al Shifa, que ficou destruído, com centenas de cadáveres no seu interior. Também mantém um bloqueio à entrada de alimentos, medicamentos e combustível na Faixa, com o objetivo de matar de fome a população palestina. E proibiu a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos no Oriente Próximo (UNRWA) de entregar ajuda e alimentos no norte de Gaza.

Com o ataque ao comboio, Israel alcançou o objetivo de fazer com que a ONG WCK suspendesse as suas operações humanitárias, agravando a situação dos palestinos em Gaza, colocando-os cada vez mais perto da fome.

A Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI) junta-se ao repúdio global ao ataque brutal aos trabalhadores humanitários, que levavam alimentos aos famintos habitantes de Gaza, vítimas do cerco genocida israelense.

A UIT-QI continua a apoiar a luta heróica do povo e a resistência palestina contra Israel em Gaza e na Cisjordânia ocupada. E segue apoiando e impulsionando a mais ampla e massiva mobilização global em solidariedade.

Apelamos aos povos do mundo para que exijam que os seus governos rompam todos os acordos econômicos, comerciais, culturais e militares com Israel. Chega de armas para Israel! Chega de ajuda financeira e militar dos Estados Unidos à entidade sionista! Repudiamos a coalizão naval, patrocinada pelos Estados Unidos, para combater os ataques dos Houthis do Iêmen no Mar Vermelho contra navios israelenses ou que transportam mercadorias para a entidade sionista. Que a frota dos EUA se retire das proximidades de Israel e do Oriente Médio! Que os povos, através da mobilização, exijam que os seus governos, particularmente os governos árabes, rompam relações com Israel e apoiem a resistência palestina com tudo o que for necessário.

Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI)

03 de abril de 2024

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